quinta-feira, 7 de junho de 2007

Fotografia

Você abre a porta e de repente dá de cara com um dia ensolarado.
O céu claro, sem nuvens, e aquele ar que talvez pudesse ser tocado, mas eu não estiquei as mãos.
Um silêncio constrangedor e, estranhamente, tudo imóvel.
Nenhum piar, nenhum sussurro, nem um suspiro, nem folhas chiando com o vento.
Poderia ser a morte?
Não, era a vida. Mas uma vida congelada.
Naquele instante, o tato não sentiu, embora eu tivesse a certeza de que era só esticar as mãos para tocar a cena. Não houve onda que sensibilizasse o ouvido. A boca e o olfato, ainda menos apurados, naquele instante, não existiam.
Só a visão funcionou.
E viu o que não pode ser visto: um mundo congelado numa fotografia roubada, num instante que parou no tempo.
Talvez fosse só a visão querendo enganar os outros sentidos...

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