Continuar sendo a mesma pessoa.
Porque é só isso que faz a gente mudar de verdade.
quarta-feira, 19 de dezembro de 2007
quinta-feira, 11 de outubro de 2007
domingo, 16 de setembro de 2007
Paranóia cromática
Hipnotizada, a língua não sentiu o doce.
Nem o amargo ou o apetitoso.
Nem a dor nem a aspereza.
Só viu cores.
Eram tantas e tão vivas que,
desde que despertou da ilusão,
só quer saber de aula de pintura.
Nem o amargo ou o apetitoso.
Nem a dor nem a aspereza.
Só viu cores.
Eram tantas e tão vivas que,
desde que despertou da ilusão,
só quer saber de aula de pintura.
domingo, 9 de setembro de 2007
Serpente
O toque parecia macio,
só intuitivamente tomado por rachaduras.
Não creio que eu deva concertá-las.
Mas olhos e dedos enfeitiçados
insistem em devorar e aspiram
todas as fissuras, mesmo sem vê-las.
Não querem possuir nada,
bastam breves momentos de sedução.
Mas são fendas ariscas,
têm medo de se deixarem preencher.
E talvez tenham razão,
pois olhares curiosos e dedos flautistas
poderiam encantar a serpente.
só intuitivamente tomado por rachaduras.
Não creio que eu deva concertá-las.
Mas olhos e dedos enfeitiçados
insistem em devorar e aspiram
todas as fissuras, mesmo sem vê-las.
Não querem possuir nada,
bastam breves momentos de sedução.
Mas são fendas ariscas,
têm medo de se deixarem preencher.
E talvez tenham razão,
pois olhares curiosos e dedos flautistas
poderiam encantar a serpente.
quinta-feira, 6 de setembro de 2007
Sonho?
As cores tilintam, todas e tantas,
reconstruindo a forma e a sombra.
Deixam sair a voz - o mesmo timbre, a mesma música.
Só faltou o cheiro para o desejo ser real.
Mas nem na realidade o cheiro se deixa memorizar.
reconstruindo a forma e a sombra.
Deixam sair a voz - o mesmo timbre, a mesma música.
Só faltou o cheiro para o desejo ser real.
Mas nem na realidade o cheiro se deixa memorizar.
terça-feira, 4 de setembro de 2007
Desejos
prazer em ter o controle sobre si mesmo
o respirar, o sorrir, o sofrer (principalmente, não inclusive)
ilusão divertida de controlar o querer dos outros
e frustração aliviadora de perceber que, no máximo, é sorte
o respirar, o sorrir, o sofrer (principalmente, não inclusive)
ilusão divertida de controlar o querer dos outros
e frustração aliviadora de perceber que, no máximo, é sorte
terça-feira, 28 de agosto de 2007
O ser e o nada
tateio as entrelinhas.
um sussurro ou uma silhueta,
não sei bem.
o corpo inteiro palpita,
tem os sentidos em alerta.
mas não é nenhum deles que
capta a descoberta tão desconcertante
(mais desconcertante que exisitir?):
o nada.
um sussurro ou uma silhueta,
não sei bem.
o corpo inteiro palpita,
tem os sentidos em alerta.
mas não é nenhum deles que
capta a descoberta tão desconcertante
(mais desconcertante que exisitir?):
o nada.
Reaproximação
Olha, sente, percebe que sentiu
Conversa, sorri, dá atenção
Deseja.
Quase confessa
E, diante da provocação,
Diz o contrário do que sente
(jamais admitiria estar sob feitiço!)
Mas tudo bem,
é ouvido pelo avesso.
Conversa, sorri, dá atenção
Deseja.
Quase confessa
E, diante da provocação,
Diz o contrário do que sente
(jamais admitiria estar sob feitiço!)
Mas tudo bem,
é ouvido pelo avesso.
quarta-feira, 15 de agosto de 2007
OBS.
A minha capacidade de sentir é
inversamente proporcional ao tempo
que eu dedico ao trabalho.
E não tentem me convencer de que não é assim que as coisas funcionam.
inversamente proporcional ao tempo
que eu dedico ao trabalho.
E não tentem me convencer de que não é assim que as coisas funcionam.
sábado, 28 de julho de 2007
καλειδοσκοπεω
As cores dançam, faceiras
num desabrochar sincronizado.
Curiosas, mil flores espreitam
Depois se escondem
para, quem sabe, nunca mais.
De repente, o quase-vazio
que, no entanto, esconde um universo.
E os olhos, seduzidos, devoram.
num desabrochar sincronizado.
Curiosas, mil flores espreitam
Depois se escondem
para, quem sabe, nunca mais.
De repente, o quase-vazio
que, no entanto, esconde um universo.
E os olhos, seduzidos, devoram.
quarta-feira, 25 de julho de 2007
Xadrez
Ah, quem dera sofrer de amor!
Mas fazer o que se a estratégia do jogo não comporta?
Porque o relógio é implacável;
só pára quando é a vez do outro
(mas na vida não há "vez").
Admito, afinal,
o tempo não foi feito para se perder...
Mas fazer o que se a estratégia do jogo não comporta?
Porque o relógio é implacável;
só pára quando é a vez do outro
(mas na vida não há "vez").
Admito, afinal,
o tempo não foi feito para se perder...
Parada cardíaca
Como endureceu esta criatura!
já não paira com a leveza de quem não pensa.
Pensa demais e, por isso, pesa
Endurecidas, as asas já não deixam sentir o pulsar...
( e olha que faz apenas uma semana que pulsava!)
já não paira com a leveza de quem não pensa.
Pensa demais e, por isso, pesa
Endurecidas, as asas já não deixam sentir o pulsar...
( e olha que faz apenas uma semana que pulsava!)
terça-feira, 17 de julho de 2007
I - Suicídio
Não sei se é o medo de ser devorado por este ímã
Ou se é o medo de sentir o prazer da queda,
que esvazia tudo por dentro
Ou simplesmente o medo da morte, complicar para quê
Eu pulo.
No fundo eu sabia que iria superar este medo de altura.
Ou se é o medo de sentir o prazer da queda,
que esvazia tudo por dentro
Ou simplesmente o medo da morte, complicar para quê
Eu pulo.
No fundo eu sabia que iria superar este medo de altura.
II - Existência
Não sei se é o medo de ser devorado por este ímã
Ou se é o medo de sentir o prazer de viver,
que preenche tudo por dentro
Ou simplesmente o medo de sentir e amar e odiar e estar vivo,
complicar para quê
Eu me jogo.
No fundo eu sabia que iria superar este medo de ser.
Ou se é o medo de sentir o prazer de viver,
que preenche tudo por dentro
Ou simplesmente o medo de sentir e amar e odiar e estar vivo,
complicar para quê
Eu me jogo.
No fundo eu sabia que iria superar este medo de ser.
III - Pulsação
Não sei se é o medo de sentir este ímã,
que sorve o de fora e cospe o de dentro
Ou se é o medo de morrer amando e viver odiando e viver amando e morrer odiando
Ou simplesmente o medo de ser devorado pelo prazer,
complicar para quê
Eu me entrego.
No fundo eu sabia que iria superar este medo de sentir.
que sorve o de fora e cospe o de dentro
Ou se é o medo de morrer amando e viver odiando e viver amando e morrer odiando
Ou simplesmente o medo de ser devorado pelo prazer,
complicar para quê
Eu me entrego.
No fundo eu sabia que iria superar este medo de sentir.
sábado, 14 de julho de 2007
distância
a vontade imensa e vermelha
o (con) tato agradável e apetitoso
e, claro, o encaixar das idéias
Se faltar um dos três
a viagem não vale a pena.
o (con) tato agradável e apetitoso
e, claro, o encaixar das idéias
Se faltar um dos três
a viagem não vale a pena.
quinta-feira, 12 de julho de 2007
segunda-feira, 9 de julho de 2007
Avenida
tudo são cores e preto e branco e prisma
os odores são fortes, nem agradam nem repelem
os ouvidos estranham qualquer não barulho
e o toque parece agora sensivelmente indolor
as pessoas se esbarram e se atravessam
ouvem tudo e nada ao mesmo tempo
todos se cheiram sem sentir
e os olhos, bem abertos, estão cegos
tanta vida e morte que está
tanta imagem que grita e silencia
tanta dor e anestesia
respiro o caos alheio.
transpiro.
vomito meu próprio caos.
os odores são fortes, nem agradam nem repelem
os ouvidos estranham qualquer não barulho
e o toque parece agora sensivelmente indolor
as pessoas se esbarram e se atravessam
ouvem tudo e nada ao mesmo tempo
todos se cheiram sem sentir
e os olhos, bem abertos, estão cegos
tanta vida e morte que está
tanta imagem que grita e silencia
tanta dor e anestesia
respiro o caos alheio.
transpiro.
vomito meu próprio caos.
sábado, 7 de julho de 2007
companhia
divide o espaço
agrada os ouvidos
cultiva a memória
compartilha os prazeres
oferece os sentidos
garante o bem-estar
... rotular para quê?
agrada os ouvidos
cultiva a memória
compartilha os prazeres
oferece os sentidos
garante o bem-estar
... rotular para quê?
terça-feira, 3 de julho de 2007
pH
olhos e palavras e mãos e desejos confessados,
fruta gostosa que faz salivar.
mas ai!
se pegar demais no pé,
banana verde que amarra a boca.
fruta gostosa que faz salivar.
mas ai!
se pegar demais no pé,
banana verde que amarra a boca.
segunda-feira, 2 de julho de 2007
Entropia
Coloquei as idéias em fila indiana e as numerei
(eram muitas e todas misturadas, não tinha outro jeito).
Depois, como não podia manter a ordem, soltei-as novamente.
E comecei a chamá-las, uma a uma, para que se apresentassem e pudessem ser analisadas.
Pois de nada adiantou.
Cada vez que chamo um número (qualquer que seja ele) é sempre umas destas três idéias que se apresenta:
ou a mais conservadora ou a mais medrosa ou a menos inteligente.
As outras? Ah, as outras!
Mandam estas três em seus lugares!
Estão tão felizes na selvageria de sempre, que só dão as caras quando têm algo a dizer
(e nunca quando eu me obrigo a pensar no que vai ser do meu futuro).
(eram muitas e todas misturadas, não tinha outro jeito).
Depois, como não podia manter a ordem, soltei-as novamente.
E comecei a chamá-las, uma a uma, para que se apresentassem e pudessem ser analisadas.
Pois de nada adiantou.
Cada vez que chamo um número (qualquer que seja ele) é sempre umas destas três idéias que se apresenta:
ou a mais conservadora ou a mais medrosa ou a menos inteligente.
As outras? Ah, as outras!
Mandam estas três em seus lugares!
Estão tão felizes na selvageria de sempre, que só dão as caras quando têm algo a dizer
(e nunca quando eu me obrigo a pensar no que vai ser do meu futuro).
quinta-feira, 28 de junho de 2007
Cacos
Deixei cair uma bolha de vidro que
se partiu em muitos pedacinhos.
São tantos e tão transparentes que não os enxergo
E já não ouço o quebrar, porque não foi agora.
Se eu pisar descalça, nem mesmo me machucarão,
Doem é por dentro.
Mas nem que procures todos e tentes colar, conseguirás.
Devias é saber disso quando me deste de presente a tal bolha.
se partiu em muitos pedacinhos.
São tantos e tão transparentes que não os enxergo
E já não ouço o quebrar, porque não foi agora.
Se eu pisar descalça, nem mesmo me machucarão,
Doem é por dentro.
Mas nem que procures todos e tentes colar, conseguirás.
Devias é saber disso quando me deste de presente a tal bolha.
Laisser passer
O tempo está passando e sou eu quem quer desperdiçá-lo.
Abro bem os olhos, deixo os ouvidos atentos e calo-me.
Os intantes escorrem e vou desfrutando todos os (pequenos) prazeres...
Afinal, 'para que serve o tempo senão para perder'?
Abro bem os olhos, deixo os ouvidos atentos e calo-me.
Os intantes escorrem e vou desfrutando todos os (pequenos) prazeres...
Afinal, 'para que serve o tempo senão para perder'?
terça-feira, 26 de junho de 2007
Arrabal
O desejo que desperta é devastador
Música brutal, irresistível
Escuto-a com toda minha pele
E tudo em mim dança
Como un viento de arrabal
(Arrabal, Gotan Project)
Música brutal, irresistível
Escuto-a com toda minha pele
E tudo em mim dança
Como un viento de arrabal
(Arrabal, Gotan Project)
segunda-feira, 25 de junho de 2007
domingo, 24 de junho de 2007
sexta-feira, 22 de junho de 2007
Confissão
Não há como fingir por muito tempo ser o que não somos.
As palavras são boomerangs.
Quanto mais longe as lançamos,
com mais certeza elas sabem o caminho de volta para nos delatar.
As palavras são boomerangs.
Quanto mais longe as lançamos,
com mais certeza elas sabem o caminho de volta para nos delatar.
Silêncio
O silêncio diz tanto quanto as palavras.
Às vezes, diz até mais.
Diz não, grita.
Ensurdecedoramente.
Tão agudo e penetrante que cega, emudece,
seca a boca, insensibiliza a pele e o olfato.
Só não nos torna surdos.
Porque o que o silêncio mais quer... é ser ouvido.
Às vezes, diz até mais.
Diz não, grita.
Ensurdecedoramente.
Tão agudo e penetrante que cega, emudece,
seca a boca, insensibiliza a pele e o olfato.
Só não nos torna surdos.
Porque o que o silêncio mais quer... é ser ouvido.
quinta-feira, 21 de junho de 2007
segunda-feira, 18 de junho de 2007
Sinestesia Branca
Abro os olhos para escutar o quão macio é teu beijo.
Mas, de tão colorido, só consigo aspirar o branco.
Mas, de tão colorido, só consigo aspirar o branco.
sábado, 16 de junho de 2007
Ressurreição
Aos poucos você vai se descobrindo.
Vai percebendo as coisas de que gosta e o que dispensa.
Vai conhecendo os limites do seu próprio corpo e
vai se acostumando com o rosto que tantas vezes estranhou em frente ao espelho.
E descobre o que quer da vida e o que quer para o futuro.
Então faz planos e passa a vislumbrar uma velhice feliz.
Isso é a morte.
Corajosamente, rasga todo esse relatório inútil e
volta a se estranhar, a questionar o que gosta e o que não gosta,
volta a testar seus limites, afinal.
Então se dá conta de quão idiotas eram aqueles planos e aqueles rótulos e passa a desejar que o espelho lhe mostre de novo um estranho sem planos nem futuro.
Ressurreição.
Vai percebendo as coisas de que gosta e o que dispensa.
Vai conhecendo os limites do seu próprio corpo e
vai se acostumando com o rosto que tantas vezes estranhou em frente ao espelho.
E descobre o que quer da vida e o que quer para o futuro.
Então faz planos e passa a vislumbrar uma velhice feliz.
Isso é a morte.
Corajosamente, rasga todo esse relatório inútil e
volta a se estranhar, a questionar o que gosta e o que não gosta,
volta a testar seus limites, afinal.
Então se dá conta de quão idiotas eram aqueles planos e aqueles rótulos e passa a desejar que o espelho lhe mostre de novo um estranho sem planos nem futuro.
Ressurreição.
sexta-feira, 15 de junho de 2007
Alerta
Se tiver a impressão de sentir aquela tontura alegre e aquele palpitar no peito,
e suspirar fechando os olhos numa languidez quente e macia,
cuidado! pode ser o vírus estúpido do amor romântico obstruindo todos os seus sentidos.
e suspirar fechando os olhos numa languidez quente e macia,
cuidado! pode ser o vírus estúpido do amor romântico obstruindo todos os seus sentidos.
quinta-feira, 14 de junho de 2007
Fico tão satisfeita
que chego a querer mais.
E já não posso dizer-me satisfeita,
visto que insatisfeita me tornei.
Quanto mais satisfeita, pois,
mais insatisfeita.
Ai que alívio ter sido nesta ordem!
Porque se começasse pela insatisfação,
jamais satisfação eu teria.
E já não posso dizer-me satisfeita,
visto que insatisfeita me tornei.
Quanto mais satisfeita, pois,
mais insatisfeita.
Ai que alívio ter sido nesta ordem!
Porque se começasse pela insatisfação,
jamais satisfação eu teria.
Temperatura
A noite poderia ser mais fria
e os pés, não tão gelados.
Mas quente basta o corpo
e frias, as mãos.
E as mãos frias no corpo quente,
sob um céu tão pleno e estrelado,
fazem-me esquecer por completo
do calor que sobra à noite e falta aos pés.
e os pés, não tão gelados.
Mas quente basta o corpo
e frias, as mãos.
E as mãos frias no corpo quente,
sob um céu tão pleno e estrelado,
fazem-me esquecer por completo
do calor que sobra à noite e falta aos pés.
terça-feira, 12 de junho de 2007
Estupro
Se a manhã é de sol, não há como escapar.
Os raios me pegam pelos cabelos, invadem minhas narinas e se se enfiam garganta a dentro.
Massageiam meus pulmões e fervem meu sangue.
Percorrem meus músculos em alta velocidade e trituram meu cérebro, numa explosão de prazer.
Depois se vão, deixando-me violentada.
Os raios me pegam pelos cabelos, invadem minhas narinas e se se enfiam garganta a dentro.
Massageiam meus pulmões e fervem meu sangue.
Percorrem meus músculos em alta velocidade e trituram meu cérebro, numa explosão de prazer.
Depois se vão, deixando-me violentada.
domingo, 10 de junho de 2007
quinta-feira, 7 de junho de 2007
Fotografia
Você abre a porta e de repente dá de cara com um dia ensolarado.
O céu claro, sem nuvens, e aquele ar que talvez pudesse ser tocado, mas eu não estiquei as mãos.
Um silêncio constrangedor e, estranhamente, tudo imóvel.
Nenhum piar, nenhum sussurro, nem um suspiro, nem folhas chiando com o vento.
Poderia ser a morte?
Não, era a vida. Mas uma vida congelada.
Naquele instante, o tato não sentiu, embora eu tivesse a certeza de que era só esticar as mãos para tocar a cena. Não houve onda que sensibilizasse o ouvido. A boca e o olfato, ainda menos apurados, naquele instante, não existiam.
Só a visão funcionou.
E viu o que não pode ser visto: um mundo congelado numa fotografia roubada, num instante que parou no tempo.
Talvez fosse só a visão querendo enganar os outros sentidos...
O céu claro, sem nuvens, e aquele ar que talvez pudesse ser tocado, mas eu não estiquei as mãos.
Um silêncio constrangedor e, estranhamente, tudo imóvel.
Nenhum piar, nenhum sussurro, nem um suspiro, nem folhas chiando com o vento.
Poderia ser a morte?
Não, era a vida. Mas uma vida congelada.
Naquele instante, o tato não sentiu, embora eu tivesse a certeza de que era só esticar as mãos para tocar a cena. Não houve onda que sensibilizasse o ouvido. A boca e o olfato, ainda menos apurados, naquele instante, não existiam.
Só a visão funcionou.
E viu o que não pode ser visto: um mundo congelado numa fotografia roubada, num instante que parou no tempo.
Talvez fosse só a visão querendo enganar os outros sentidos...
terça-feira, 5 de junho de 2007
Morte
Saberei o tempo de desistir.
O perfume acre dos instantes
(que se vão, mas não deixam meu olfato)
vai anunciando a visão do silêncio.
E poderei ouvi-lo e tocá-lo também,
Porque toda a memória é visão, mas também é som, é tato e fede.
O perfume acre dos instantes
(que se vão, mas não deixam meu olfato)
vai anunciando a visão do silêncio.
E poderei ouvi-lo e tocá-lo também,
Porque toda a memória é visão, mas também é som, é tato e fede.
domingo, 3 de junho de 2007
inverno
o frio seduz minhas pernas e quadris e costa.
meus ombros não.
são eles que seduzem o frio
e o fazem entrar acariciando o pescoço cego, que não fareja suas intenções.
e o calor mudo das bochechas, tochas desnudas,
suspira, extasiado:
é o inverno chegando.
meus ombros não.
são eles que seduzem o frio
e o fazem entrar acariciando o pescoço cego, que não fareja suas intenções.
e o calor mudo das bochechas, tochas desnudas,
suspira, extasiado:
é o inverno chegando.
sábado, 2 de junho de 2007
Eis
As idéias revoltas, todas cruas e quentes e ensurdecedoras, não cabem mais neste espaço.
O vazio é pouco para elas.
É hora de extravasar.
Eis.
O vazio é pouco para elas.
É hora de extravasar.
Eis.
Assinar:
Postagens (Atom)